terça-feira, 9 de março de 2010

O Mar é...

Solidão
Estás todo em ti, mar, e,
todavia, como sem ti estás,
que solitário, que distante,
sempre, de ti mesmo!
Aberto em mil feridas,
cada instante, qual minha fronte,
tuas ondas, como os meus pensamentos,
vão e vêm, vão e vêm, beijando-se, afastando-se, num
eterno conhecer-se, mar, e desconhecer-se.
És tu e não o sabes, pulsa-te o coração e não o sente...
Que plenitude de solidão, mar solitário!
Juan Ramón Jiménez, in "Diario de Un Poeta Reciencasado" Tradução de José Bento